quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os prós e contras do “dinheiro de plástico”


O uso do “dinheiro de plástico” no dia a dia dos brasileiros é uma tendência crescente e irreversível, que trouxe consigo o poder de mudar o perfil do varejo nacional ao inserir na vida dos consumidores e empresários um meio de pagamento mais prático e seguro.
O uso massivo dos meios eletrônicos de pagamento (crédito ou débito) implicou no desenvolvimento de uma infraestrutura tecnológica de informática e de telecomunicações altamente sofisticada, que, juntamente com a obrigatoriedade de emissão de documento fiscal eletrônico, tornou possível garantir maior segurança nas transações financeiras, e maior fiscalização por parte do governo.
Diante disso, podemos dizer que o estabelecimento comercial é a ponta de uma cadeia tecnológica de serviços que interliga as administradoras de cartões, os bancos, os consumidores e, até mesmo o governo. Entretanto, é certo que toda essa sofisticação encareceu as operações no varejo e, caso a produtividade no comércio de bens e serviços não tivesse crescido, possivelmente as margens teriam que aumentar para cobrir os custos adicionais.
Dados do Banco Central mostram que as duas pontas da cadeia, consumidor e lojistas, têm transferido gigantescas soma de recursos para as administradoras de cartões de crédito. No fim de 2011, o número de cartões de crédito em circulação chegou a 687 milhões. Se considerarmos que a população brasileira tem 192 milhões de habitantes, em média, há pouco mais de 3,5 cartões por habitante. No mesmo ano, foram feitas 900 milhões de transações com cartões, movimentando R$ 77,76 bilhões. Para efeito de comparação, em 2011, foram movimentados somente R$ 83,7 milhões por meio dos cheques. Forma de pagamento que, aliás, tem perdido espaço por conta da burocracia, pelos altos custos operacionais e pela baixa segurança que oferece.
Números da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (ABECS) mostram que, nos últimos três anos, mais da metade do faturamento dos estabelecimentos comerciais (54%) advém dos meios eletrônicos. O destaque são os cartões de crédito, responsáveis por 36% do faturamento, enquanto os cartões de débito têm uma participação menor, porém significativa, de 18%. Contudo, nos estabelecimentos de grande porte a participação dos meios eletrônicos no faturamento é ainda mais expressiva, atingindo até 60%, em alguns casos.
O fato é que as despesas da infraestrutura para o uso dos cartões nos pontos de vendas (tarifas bancárias e dificuldade de relacionamento com as administradoras, por exemplo), que deveria ser um custo das administradoras, foram repassadas para os varejistas que, motivados pelas exigências de consumidores, pela presença do concorrente e pela disposição de ampliar suas vendas, aderem cada vez mais aos meios eletrônicos de pagamento. Além do mais, as altas taxas de deságios para o pequeno varejista estão bem além do nível razoável e em alguns casos, inviabilizam os negócios. Ou seja, as administradoras viraram um grande sócio de qualquer empresa sem precisar investir nada no negócio, nem mesmo na infraestrutura que utilizam.

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