segunda-feira, 12 de março de 2012

A Selic e o consumidor

Os efeitos das quedas da Selic para o consumidor são controversos. Não que não existam, mas é que é extremamente difícil de se calcular. A rigor não existe uma correlação direta entre as taxas ao consumidor – Pessoa Física ou Jurídica – e as taxas básicas de juros. No meio do caminho entre os arredondados 10% da Selic e os mais de 33% de juros médios ou 45% de juros à Pessoa Física, existe o famoso spread bancário, que é quase uma caixa preta, de tão difícil de interpretá-lo.
De qualquer maneira, é sempre bem vinda uma queda de juros, seja ela incorporada ou não às taxas praticadas ao consumidor. Ainda que o consumidor não seja agraciado diretamente com a queda do custo de seus crediários, cada ponto percentual de queda na Selic representa uma economia mensal aos cofres públicos de mais de R$ 1 bilhão. Ou seja, a economia do setor público poderia, em tese, ser revertida em favor da sociedade seja por meio de mais e melhores serviços de infraestrutura, seja por meio da redução possível da carga tributária.
Uma queda da Selic que fosse acompanhada pela eventual queda de juros na ponta do consumidor, poderia se refletir em maior volume de empréstimos mais baratos. Na realidade, o total da dívida de empresas e famílias no Brasil atinge R$ 2 trilhões, ou quase 50% do PIB. Todavia uma queda na Selic não afetaria diretamente essa dívida já contratada (que está contratada quase que totalmente a juros fixos), como impacta grande parte da dívida pública que está remunerada à taxa básica de juros. Ainda assim, para o futuro a queda das taxas médias no País trariam maior alívio para os financiamentos, liberando recursos de empresas e famílias que, de outra forma, estariam sendo canalizados para o setor financeiro.
A título de curiosidade, se a dívida das famílias tomada em bancos com recursos livres, que hoje atinge o volume total de R$ 600 bilhões, fosse renegociada com uma queda de 0,75 ponto de percentagem na taxa de juros paga pelo consumidor em média a redução do montante de juros direcionados aos bancos anualmente cairia R$ 4,5 bilhões, um valor nada desprezível se fosse despejado no varejo.
Muitos beneficiados: a queda de juros teria efeito sobre grande parte da população. Nas últimas pesquisas com o consumidor da FecomercioSP revelou-se que mais de 42% das famílias paulistana tinham algum tipo de dívida. No caso brasileiro, a proporção supera os 60% das famílias, ou seja, a queda na Selic, se chegar ao consumidor como esperamos, trará benefícios de hoje em diante para a maioria das famílias brasileiras que estão endividadas.

Assessoria de comunicação - Fonte: Fecomércio

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