quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Muito mais do mesmo

Agora são cinco semanas seguidas de altas no Ibovespa, que acumula no ano crescimento de quase 15% e as mesmas cinco semanas de queda no dólar. Na realidade o que ocorre no câmbio é a alta do real, pois a nossa moeda se valorizou frente a todas as outras e não somente frente ao dólar. Nossos boletins vinham alertando para esse comportamento há bastante tempo, dois meses ao menos. Vamos aos motivos:

Para o Ibovespa:
1. O País continua a receber forte fluxo positivo de investimentos estrangeiros, sejam diretos, sejam em portfólio;


2. A tendência de juros é efetivamente de baixa;
3. O risco Brasil é baixíssimo e o País encontra condições macroeconômicas melhores do que quase todos outros países do mundo;


4. Em termos de economia com mercado interno robusto, o Brasil hoje disputa apenas com a China (e vai começar a disputar um pouco mais com a Índia) a preferência dos investidores;
5. As empresas de diversos setores (energia, varejo, imobiliário, bancário e commodities) devem ter desempenho positivo nos próximos anos;


6. O ambiente externo é ruim, principalmente na Europa, mas pouco a pouco a percepção é de baixo grau de contágio no Brasil. Além disso, nossa aposta é de que a Europa perturbe o cenário de vez em quando, mas não vemos nenhuma ruptura do Bloco ou do Euro no meio do caminho.
Para o câmbio grande parte das explicações se mantém. O fluxo de recursos externos, pelo Brasil ser um país com tendência de crescimento elevado com mercado interno robusto e pela fraqueza de outras economias importantes no momento, tende a ser muito positivo, o que valoriza o Real. Exatamente por isso, em todas as intervenções que o governo fez para desvalorizar nossa moeda, nossas análises apostavam na ineficácia das mesmas. Não dá para combater a maré remando sozinho. Entendemos que para a indústria, o momento não é bom, mas adotar medidas protecionistas por um lado e de intervenção no câmbio de outro, somente vão retardar o inevitável, e ainda vão causar forte dano e atraso para o resto da economia. Os ganhos de competitividade que o País pode e deve perseguir estão na educação, na redução da carga tributária, na queda dos juros, e nunca no IOF e no Imposto de Importação ou nas normas burocráticas alteradas diariamente. Já se passa mais de um ano que esse tem sido o caminho adotado pelas autoridades, e os efeitos deveriam ter servido de alerta: não vai funcionar, apesar de criar um ambiente de incertezas indesejável.


A maré deve continuar em média positiva, mas devemos sempre ter atenção para as possíveis realizações de lucros nas bolsas e para novas medidas do governo tentando conter o câmbio. No curto prazo esses fenômenos podem afetar o desempenho dos mercados, mas no longo prazo acreditamos que o Ibovespa será positivo e o Real deve se manter valorizado

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