Finanças pessoais e empresariais não
devem se misturar
As finanças do empresário jamais
devem se misturar com as de sua corporação. Essa prática coloca companhias em
risco, podendo haver prejuízos e até fechamento do negócio. Manter separadas as
contas bancárias e os respectivos orçamentos é uma medida primordial para a saúde
econômica de ambos os lados.
Embora contraindicada, não
diferenciar os recursos é uma prática comum. Um exemplo é quando o empreendedor
recorre ao caixa da empresa para pagar contas domésticas, como supermercado,
abastecimento do carro ou escola das crianças. “Esse é um comportamento pouco
saudável em uma gestão”, afirma o professor do Advance Program in Finance do
Insper, Ricardo Rocha.
Organização pessoal
O grande desafio do dono de uma
micro ou pequena empresa é saber quanto retirar do negócio por mês de uma forma
justa e sustentável. Uma dica é se basear no valor de mercado para a função
exercida. O mesmo vale caso haja sócios.
Rocha pondera que se a situação
financeira pessoal estiver equilibrada, o empreendedor pode optar por esse
critério durante um período, até que o quadro da companhia esteja em ordem e o
valor correspondente ao salário possa ser revisto.
O uso de uma planilha para
administrar o “salário”, na qual sejam listados despesas e recursos
disponíveis, ajuda até mesmo os empreendedores que têm dificuldade em manter a
disciplina com dinheiro.
Quanto à distribuição de lucros,
o montante e a periodicidade de resgate dependerão do regime tributário em que
se encaixa a empresa. Assim, o valor dessa retirada deve ser planejado levando
em conta a situação econômica da corporação e a necessidade de investimento,
afinal, parte do lucro pode ser reinvestida no negócio.
Caixa equilibrado
Do lado corporativo, manter uma
organização semelhante com o orçamento permite visualizar as áreas nas quais os
recursos estão sendo empregados, além de sinalizar oportunidades de enxugar custos
e fortalecer a companhia.
O professor do curso de
administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (EPSM), Alan
Jesovzek Kuhar, explica que, se para manter a receita pessoal é preciso pagar
as contas, poupar e manter uma margem de uso emergencial, o mesmo deve ocorrer
na empresa. “Tanto a parte indulgente quanto a parte de responsabilidade devem
ser atendidas com qualidade.”
Em um negócio, todo valor que se
recebe está dentro de um ciclo de reposição de estoque. A orientação de Kuhar é
que parte desse dinheiro seja separada para investir na próxima coleção ou
repor o que foi vendido.
“O caixa guardado deve ser de, no
mínimo, o correspondente a três meses de faturamento. O ideal é que seja reservado
o valor de seis meses”, afirma o especialista. Ele frisa que é fundamental ter
ciência de que esse recurso poupado tem direcionamento específico e que sua
utilidade é de provisão em situações de necessidade.
Na dinâmica financeira, a dica de
Kuhar é pagar primeiro os fornecedores e as despesas do estabelecimento, o que
evita problemas como deixar de ser abastecido e ficar em falta com produtos ou
serviços que demandem insumos.
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