A classe média emergente continuará a crescer até, pelo menos, 2014, segundo previsão do economista Marcelo Neri, coordenador do Centro de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre 2003 a 2011, cerca de 40 milhões de pessoas entraram para a classe média no país, que subiu de 65,9 milhões para 105,5 milhões de brasileiros, um crescimento de praticamente 60%. Nos próximos dois anos, mais 12 milhões de pessoas deverão migrar para a classe C e 7,7 milhões de pessoas para as classes A e B. "Em 2014 o Brasil todo, com exceção do Norte e do Nordeste, será formado por três quartos de pessoas das classes A, B, C", afirma Neri, que ressalta que o crescimento e distribuição de renda têm sido sustentáveis.
Nesse contexto, as pequenas empresas deverão ser bastante beneficiadas por estar mais próximas da base da pirâmide e poder traçar estratégias para capturar esse novo consumidor, que quer melhorar de vida. "Entre Brasil, Rússia, Índia e China, nós estamos registrando um crescimento com melhor qualidade. Os 20% mais pobres do Brasil estão crescendo a um ritmo maior que o dos outros países", diz. A desigualdade tem caído consistentemente ano após ano. O índice Gini, que mede a desigualdade, caiu de 0,596 em 2003 para 0,51 em 2011, atingindo a menor série histórica. Até 2014 pode haver novas quedas no índice. As mudanças são sustentáveis, segundo ele, pela maior parcela da população em idade economicamente ativa e a melhoria da educação.
Neri destaca ainda que o grande símbolo da classe média emergente é a carteira de trabalho assinada. Em sete anos, o país passou de uma geração formal de 700 mil empregos novos por ano para 1,5 milhão. "Em paralelo houve salto na procura por cursos profissionalizantes, o que indica que há uma busca por melhorar sua educação."
O economista também lembrou que enquanto a renda dos paulistas cresceu 7% entre 2003 e 2010, a dos nordestinos aumentou 42%, seis vezes mais. No Maranhão, um dos Estados mais pobres da União, ela subiu 46%. Os negros tiveram ganho de renda de 42%, enquanto a dos brancos subiu a metade disso. No campo, o trabalhador ganhou 49% a mais, enquanto o morador da cidade, 21%, sempre no período analisado. As mulheres ganharam 38%, enquanto os homens, 21%. Já a renda dos analfabetos teve elevação de 47%, enquanto os universitários ganharam 16% a mais. "Há diversas oportunidades para pequenos empresários ganharem espaço com essas mudanças sociais."
O economista, no entanto, ressalta que a revolução social não significou uma revolução no empreendedorismo, que permanece adormecido. "Associações e governo têm de assumir esse projeto, que poderia trazer grandes benefícios para o país. O Brasil ainda é um país de grandes empresas. Porém é preciso empreendermos mais", frisa Neri. Para ele, o crescimento do mercado de trabalho tem sido pautado pela criação de empregos formais criados pelas grandes empresas, que aumentam de tamanho para ganhar espaço
no mercado global.
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